domingo, 13 de abril de 2025

outra vez o Bloco Central na Política Portuguesa?

Primeiro foi Pedro Siza Vieira. Estava Março a acabar e o antigo ministro, que chegou a ser número dois de António Costa, afirmava numa entrevista ao PÚBLICO: “Precisamos de um governo muito forte para uma emergência, um governo de bloco central”. Dias depois foi a vez de Ferro Rodrigues ex.PAR e antigo SecGeral do PS declarar que “o país pode estar a caminhar para uma situação limite que pode exigir uma solução desse género“, sendo que o género é o bloco central. 
Porquê este regresso da hipótese dum bloco central? Vem aí uma geringonça!
A hipótese de um bloco central, uma aliança entre os dois maiores partidos portugueses, o PSD e o PS, surge novamente no horizonte político devido à exclusão do Partido CHEGA de possíveis coligações e à ausência de uma maioria absoluta para qualquer partido. Assim, é possível que o PSD e o PS já tenham iniciado negociações para formar um novo Bloco Central após as eleições de 18 de Maio.

A ideia de um Bloco Central não é nova. Após as eleições de 4 de Outubro de 2015, que resultaram na vitória da coligação PSD-CDS sem maioria absoluta, o derrotado PS manteve um simulacro de negociações com o PSD-CDS enquanto efetivamente negociava com o BE e o PCP, com os quais já estava em contato visando uma solução de governo desde antes das eleições. Esse movimento estratégico levou à formação da "geringonça", uma coligação inédita que permitiu ao PS governar com o apoio da extrema-esquerda.
Agora, o cenário parece repetir-se, mas com nuances diferentes. Se em 2015 o PS deu “uma facada nas costas” ao PSD-CDS e formou a "geringonça", é possível premonizar que, para se manter no poder, fará o mesmo aos partidos da extrema-esquerda. Pelas mesmas razões, o PSD-CDS pode usar o “não é não” ao CHEGA, excluindo o partido de quaisquer negociações futuras. O resultado lógico é a formação de um novo Bloco Central.

Este possível regresso do Bloco Central reflete a instabilidade e a fragmentação do atual panorama político português, onde alianças temporárias e estratégicas parecem ser a chave para a governabilidade. 
Se a história se repetir, a política portuguesa enfrentará um novo período de ajustes e redefinições, com consequências que poderão ressoar por muitos anos.