“Milhares de opositores reclamam por “verdade” e Maduro mobiliza caravana motorizada”. Esta verdade entre aspas usada no texto da Lusa logo replicado em várias notícias é um bom símbolo da forma como a agência Lusa nos mostra o mundo: os opositores a Maduro pedem “verdade”. Cautelosa a nossa Lusa coloca verdade entre aspas porque como é mais que óbvio quem pede verdade pode estar a mentir e portanto usam-se aspas, faz-se uma citação e fica tudo acautelado. Curiosamente ao mesmo tempo que coloca aspas na verdade exigida pelo opositores a Maduro, a nossa Lusa (sim, todos nós contribuintes somos obrigatoriamente accionistas da Lusa) escreve sem aspas “Mortos em Gaza ultrapassam os 40.000″ A fonte deste número é
o Ministério da Saúde de Gaza controlado pelo Hamas, que para a nossa Lusa merece uma credibilidade várias vezes superior à oposição venezuelana e portanto está dispensado de ter as suas declarações entre aspas.Nada disto espanta na Lusa. O que espanta e deve suscitar perguntas é a opção do Governo de Luís Montenegro de enterrar ainda mais dinheiro dos contribuintes na Lusa. Note-se que o Estado português já era maioritário na Lusa, mas os 50,15% que aí detinha passaram em Julho deste ano a 96 % quando o Governo de Luís Montenegro comprou as participações da Global Media e da sua accionista maioritária Páginas Civilizadas no capital da Lusa. Não sei quais os planos governamentais para a Lusa mas, para começar, vale certamente a pena que a Lusa explique aos seus accionistas, ou seja a todos nós, quais os seus critérios para o uso de aspas. Ficava tudo mais claro, o que é naturalmente de agradecer. (Helena Matos em “A política vice-versa”]