A actual maioria socialista parece ter resultado de uma erosão rápida à esquerda do PS e de uma concentração de voto muito eficaz em torno do discurso de última semana de campanha do primeiro-ministro.
Há ainda um outro potencial fenómeno que poderá potencialmente prejudicar os resultados do Chega em sondagens, que é o efeito do eleitor tímido. Basicamente, tratar-se-ia de haver eleitores que hesitam ou têm alguma reserva em reconhecer que votam em candidatos que são caracterizados de forma menos positiva nos media.
Todas as outras coligações à direita com inclusão do CDS resultam num potencial de crescimento ainda menor do que a de coligação PSD-IL e suscitam níveis de rejeição iguais ou acima do PS.
Os dados apontam com alguma robustez que o PSD tem um potencial de crescimento eleitoral substancialmente superior concorrendo sozinho do que em qualquer cenário de coligação considerado.
Qual das intenções de votos é mais adequada para extrapolação é uma questão pertinente e remete-nos para a consideração dos ponderadores mais apropriados. Vale a pena, para efeitos de investigação futura, fazer um exercício alargado de simulação de resultados em função de múltiplos ponderadores, mas das várias simulações feitas resulta um quadro de resultados que aponta, excluindo indecisos e recusas de respostas, para a seguinte distribuição:
PSD 32-36%, apontando para 35% nos cenários de projeção mais comuns
PS 31-33%, apontando para 32% nos cenários mais comuns
CHEGA 8-10%, apontando para 9% nos cenários mais comuns
BE 6-7%, apontando para 6% nos cenários mais comuns
IL 5-6%, apontando para 6% nos cenários mais comuns
PCP/PEV valores em torno dos 3%.
CDS valores em torno dos 2%.
LIVRE valores entre 1 e 2, mais próximos de 1%.
PAN valores abaixo de 1 e nos melhores cenários a aproximar-se de 1%.
O/B/N 6-7%, apontando para 6% nos cenários mais comuns.
A conclusão seria a de um resultado que colocaria o PSD com uma vantagem de 2 a 3 pontos sobre o PS, o Chega em terceiro, muito próximo dos 10%, BE e IL muito aproximados e em torno de 6%. Os partidos de direita somados a atingirem 50-52% e 41-43% se subtrairmos o Chega e a esquerda a somar em conjunto entre 41-44%.