No
país que obedece, há cidadãos a ser detidos por "crime
de desobediência" - por recusarem levantar-se de um banco
público onde estão sentados sem ninguém ao lado, por caminharem
solitariamente junto à praia.
No
país que obedece, vemos compatriotas submetidos a "cercas sanitárias"
impostas por autarcas armados em xerifes ou líderes regionais sequiosos de
palco público em concelhos onde existem "dez
novos casos" (!) de infectados.
No
país que obedece, milhares
de pessoas são impedidas de assistir a funerais de familiares e
amigos, em nome das drásticas regras sanitárias, e há gente que chora por não
ter sido autorizada a despedir-se de um ente querido. Nunca terão segunda
oportunidade para o fazerem.
Entretanto,
no país que manda, a casta - integrando largas dezenas de pessoas
pertencentes a grupos de risco - prepara-se para reunir, à porta fechada, em festiva
violação das normas que parecem dirigir-se só aos outros, entre
despropositadas e até insultuosas loas retóricas à "liberdade" em
pleno estado de emergência. Num momento da vida nacional e mundial que devia
ser de recolhimento e luto, não de celebração seja do que for.
(in “a Casta” por
Pedro Correia no Delito de Opinião)