A Revolução de 28 de Maio não abriu um novo capítulo na conturbada história da República, deu origem a um outro regime, bem diferente daquele que os revoltosos da Rotunda impuseram pela força ao nosso País.
Aconteceu que, constitucionalmente, o regime salazarista conservou o nome de república, herdado da situação anterior: mas isso não quer dizer nada porque a palavra em si não tem significado especial, o que importa realmente é o qualificativo que acompanha a referida expressão. A República Corporativa, como estabelece a Constituição Política do Estado, perdeu a maior parte dos vícios inerentes ao sistema demo-liberal e preservou a essência monárquica do Poder, afastando da plebe a escolha dos governantes. Neste sentido, a república corporativa é muito mais autoritária e monárquica do que certos reinos minados pelo cancro democrático. (Luís Fernandes in jornal «Agora», 26 de Outubro de 1968)