segunda-feira, 21 de julho de 2025

Uma falsa memória e a perigosa ignorância histórica!

O incidente ocorrido no inicio do mês no Cacém, durante uma acção de campanha do CHEGA, em que André Ventura foi confrontado por um cidadão africano visivelmente exaltado, é revelador de algo mais profundo do que uma simples altercação verbal. O discurso inflamado deste homem – acusando os portugueses de terem ido a África apenas para “roubar ouro, diamantes e escravizar” – não brota do acaso. É fruto de uma narrativa histórica simplificada, enviesada e, sobretudo, perigosa.
Não está em causa a liberdade de opinião ou de protesto. O problema reside na origem e na disseminação desta visão unilateral e moralista da História. A ideia de que África era um paraíso intocado antes da chegada dos europeus, e de que os portugueses inauguraram a violência, a escravidão ou o saque, é profundamente errada — mas, infelizmente, ensinada e difundida por muitos com responsabilidades educativas e culturais. A ignorância não é desculpa quando se transforma em arma.
A velha tradição ocidental, desde os gregos, lembra-nos que o ser humano não nasce bom por natureza. A virtude adquire-se — e educa-se. É precisamente essa a função civilizadora da escola e da cultura: formar o espírito crítico, combater os mitos ideológicos e não substituir a realidade histórica por fábulas sentimentais. Mas nas nossas escolas, demasiadas vezes, inculca-se nos alunos a ideia da inigualável perversidade do “homem branco”, como se este fosse um predador universal e o resto do mundo um inocente Éden.

O ensino da História, tanto cá como em muitas ex-provincias ultramarinas, tem sido colonizado por uma visão marxista ou racialista da realidade, que reduz séculos de interacção, troca, conflito e civilização a uma caricatura de opressores e oprimidos. África, antes dos portugueses, conhecia a guerra, a escravatura e o comércio de pessoas. Negar isso é não só falso, mas desonesto.
Portugal teve, sim, uma presença controversa e imperfeita em África — como qualquer império. Mas foi também um dos poucos que deixou estruturas, escolas, línguas e pontes humanas e culturais. É legítimo criticar o passado. É legítimo exigir justiça. Mas não é legítimo usar uma ignorância grosseira e militante como forma de atacar os portugueses de hoje por actos que não cometeram, ou insultar os seus representantes eleitos num espaço público.
Este tipo de episódios deve servir de alerta. Não só para o risco crescente de tensões identitárias num país que sempre prezou pela convivência, mas sobretudo para a urgência de restaurar um ensino da História baseado em factos, não em ressentimentos.
Se o homem do incidente foi mal ensinado em África, não é culpa nossa. Mas se há jovens em Portugal a pensar o mesmo, aí sim, a responsabilidade é nossa. 
E a factura pode ser alta...