sábado, 22 de outubro de 2016

Provocação!

A iniciativa foi anunciada como um protesto contra a insuficiência de mesquitas para os mais de um milhão de muçulmanos que vivem na Itália.

. . Para os defensores da construção de maior número de mesquitas, a existência de lugares de culto oficiais tornaria mais fácil a vigilância de elementos fundamentalistas.

sábado, 15 de outubro de 2016

um Orçamento do newspeack orwelliano

um Orçamento do newspeack orwelliano,
em que o que é tem de ser apresentado como não sendo o que é…
.
.
Com artifícios de linguagem – em tudo idênticos com o tentado ao procurar que o perdão fiscal recentemente anunciado não fosse designado de perdão fiscal… – procura-se esconder o incumprimento de uma das promessas da geringonça, dizendo que foi só “meio incumprimento”.
Tudo isto bem envolvido na nova língua de pau da governação, de que é exemplo supremo a mensagem no Youtube do Costa que consegue a proeza de não explicar um só ponto do Orçamento e das suas opções, limitando-se a repetir frases feitas sobre os desígnios da actual maioria. Para dizer o que disse, bem podia ter ficado calado.
.
Vamos ao exemplo mais gritante, a falácia de que a sobretaxa do IRS vai ser devolvida gradualmente. Não vai, nem isso nunca podia acontecer. O que vai acontecer é que essa taxa vai diminuir e a única coisa que é gradual é a evolução dos descontos nos ordenados dos trabalhadores por conta de ontem.
realmente,
a sobretaxa mantém-se para todo o ano de 2017, os descontos na fonte nos salários dos trabalhadores por conta de outrem é que irão desaparecendo gradualmente. O resto é propaganda e mistificação.
.
outro exemplo:

Esta estratégia tem componentes políticas de nenhuma subtileza – o aumento de 10 euros nas pensões dos reformados ocorrerá apenas em Agosto, ou seja, a tempo de receberem duas prestações da sua nova pensão antes de irem votar nas autárquicas – mas de elevado custo – os 187 milhões que esse aumento custará em 2017 transportará para 2018 um encargo anualizado de 400 a 450 milhões de euros. (in Observador por José Manuel Fernandes)

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

já não são como eram!

Nos partidos de governo da Europa, era costume os líderes que perdiam a confiança dos eleitores ou dos seus pares retirarem-se. Nos partidos sociais-democratas, deixou de ser assim, porque é possível ao líder rejeitado sobreviver com o amparo de um radicalismo sectário que demoniza a “direita” e trata como “traidores” os que, à esquerda, não pensam dessa maneira.
.
É assim que a Grã-Bretanha não tem oposição,
a Espanha não tem governo, e
Portugal tem um governo que aumenta a dívida e inventa impostos, à espera não se sabe de quê.
A democracia representativa e a economia de mercado estão hoje em causa, à direita e à esquerda. A esquerda democrática precisa de se defender do radicalismo, se quiser ser relevante nesse debate, e não apenas o último refúgio de líderes falhados.
.
Na Espanha Pedro Sánchez já não é líder do PSOE. Mas a sua história é muito instrutiva sobre as aflições da esquerda democrática na Europa. 
Sánchez perdeu todas as eleições – duas legislativas, duas autonómicas, e as municipais –, com os piores resultados da história do PSOE. Perdeu também a confiança do Comité Executivo, com 17 dos seus 35 membros a saírem em protesto. Mas mesmo sem eleitores e sem colegas, Sánchez preparava-se para ficar. O plano, cheio de truques, era convocar eleições directas, para ser confirmado como líder pelos militantes. 
“La estrategia estaba clara. Los números no salían y sólo cabía hacer fracasar el Comité Federal. «Es la bronca típica de los minoritarios en una asamblea de agrupación. Provocar el caos para impedir que la mayoría consiga imponerse», apunta un conocedor de los entresijos socialistas. Durante el día, el sector de Sánchez utilizó argucias para impedir el desarrollo normal de la mano de César Luena y de un peón fundamental, Rodolfo Ares, miembro de la Mesa del Comité. Su único objetivo era que el Comité Federal fracasara y Pedro Sánchez siguiera en la Secretaría General. Para ello, era necesario que se impidiera cualquier tipo de votación.”
Foi para MANTER O LUGAR que daquele modo que Sánchez recusou viabilizar um governo do PP em Espanha durante um ano.
.
Na Inglaterra, o líder trabalhista Jeremy Corbyn perdeu o referendo europeu e anda com sondagens terminais. Mas ao contrário de Cameron, não se demitiu. Ficou, apesar de os eleitores e de a maioria dos seus deputados o terem renegado. Como? Apelando aos radicais que desde Maio do ano passado, em vez de fazerem um Podemos, invadiram em massa o partido e o reelegeram novamente líder. Corbyn não é, de facto, o líder do Partido Trabalhista que existia em 2015: não tem o apoio dos deputados então eleitos por nove milhões de votantes, nem sequer foi a escolha da maioria daqueles que já eram membros do partido em Maio do ano passado (63% preferiram Owen Smith). Corbyn é líder com os votos dos activistas de extrema-esquerda que entretanto ocuparam o partido. A sua intransigência radical serve-lhe para denunciar os opositores como “Tory lite” e expô-los à ameaça dos sicários.
.

Em Portugal, temos um precursor de Sánchez e de Jeremy Corbyn. Em 2015, António Costa foi recusado pelos eleitores. Por alguns instantes, na noite de 4 de Outubro, terá havido dúvidas no PS. Ao entregar-se ao PCP e ao BE, como Sánchez pensou fazer com o Podemos e a Esquerda Unida, Costa salvou-se. Não arranjou apenas uma maioria de derrotados para governar. Secou qualquer alternativa no partido, porque criticá-lo passou a ser fazer o jogo da “direita”, essa força maléfica que justifica o pacto do PS com partidos que negam os seus valores. Como curiosidade também contou com um César e um Pedro...e muitos, muitos jornalistas! (por Rui Ramos no Observador)